17/11/2017

Daniel Matenho Cabaxi: Seus sonhos se tornam os nossos sonhos

Daniel Matenho Cabixi, líder do povo Pareci e do movimento indígena, encerrou seu ciclo de vida na madrugada de ontem, quinta-feira (16)

Foto: Heverton Luiz/Rádio Pioneira

Foto: Heverton Luiz/Rádio Pioneira

Por Sebastião Carlos Moreira, Cimi Regional MT

Daniel Matenho Cabixi, líder do povo Pareci e do movimento indígena, encerrou seu ciclo de vida na madrugada de ontem, quinta-feira (16). Daniel, juntamente com outros lideres, como Nelson Xangre, Lourenço Bororo e outros, foi um dos pioneiros na mobilização de lideranças para realizações das assembleias de chefes indígenas. É lembrado como uma das lideranças de fundamental importância na organização do movimento indígena e na visibilidade do indigenismo para a sociedade nacional. Defendia bravamente que o Brasil é um pais onde se vive povos diferenciados, com suas especificidades e características próprias, com línguas, crenças, culturas, saberes e tradições milenares, que clama pelo direito de ser diferente habitando seus territórios tradicionais.

Eu tive o privilegio de conhecer Daniel em 1979, quando iniciei no trabalho missionário no Conselho Indigenista Missionário do Regional Mato Grosso. Me lembro do interesse do Daniel de conversar sobre as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e o Partido dos Trabalhadores (PT). Cada vez que nos encontrávamos eu levava material para que se informarsse sobre esses assuntos. Ele me ensinava sobre outros. Daniel escrevia muito bem, foi um dos fundadores do Centro de Documentação Terra e Índio (CDTI). Em sua trajetória escreveu o livro A Questão Indígena, com apresentação de Dom Pedro Casaldaliga.

Daniel foi órfão de pai, esteve no internato de Utiariti (MT), estudou até a sétima séria, esteve no Lar do Menor em Diamantino. Voltou em 1972 para o convívio com seu povo, articulando a luta com apoio da Missão Anchieta e da Operação Anchieta. Destacava-se como uma das principais lideranças na defesa dos direitos dos Povos Indígenas e na organização do movimento indígena, participando diretamente nas lutas por direitos. Em 1985 ingressou na Fundação Nacional do Índio (Funai) como professor. Foi coordenador do órgão indigenista em Tangará da Serra (MT) e coordenador de assuntos indígenas no estado do Mato Grosso nos anos de 1988 e 1989. Daniel marcou sua época como uma das grandes lideranças indígenas deste pais.

Ao Povo Pareci e seus Familiares nossa gratidão pelo aprendizado que Daniel deixou em seu legado. Seus sonhos se tornam os nossos sonhos.

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